Partindo da perspectiva que o blog aborda temáticas ligadas aos Estudos de Paz – os quais buscam transformar a realidade por meios pacíficos e mais distintos no que diz respeito aos estudos mais tradicionais de Segurança–; e que o mesmo busca analisar a pluralidade de mecanismos geradores de violência alinhados à contraposição de dinâmicas e instrumentos de paz, nos é válida a análise do fato de que uma recente indicação de cargo pelo presidente Obama em uma instituição tradicionalmente masculinista e repleta de estereótipos (as Forças Armadas) mostrou-se como uma iniciativa que, possivelmente, produzirá alterações estruturais e geradoras de mecanismos de paz.
No dia 18 de setembro o presidente americano Barack Obama nomeu Eric Fanning como o possível sucessor de John McHugh, atual secretário de exército daquele país. Se confirmado pelo Senado americano, Fanning irá ser o primeiro homossexual assumido a ocupar este cargo.
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Créditos: The Washington Star-News
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Essa nomeação mostra um progresso da já antiga política Don’t Ask, Don’t Tell – lei que não permitia que indivíduos abertamente homossexuais servissem às Forças Armadas dos Estados Unidos.
Essa lei foi refutada em 2011 por Obama, dessa forma, gays e lésbicas assumidos passaram a servir exército, a marinha e a aeronáutica. Doug Wilson, assistente do secretariado de defesa para assuntos públicos (que também é homossexual assumido) elogiou Fanning: O fato dele ser abertamente gay e nomeado para essa posição mostra o nível com o qual americanos podem aceitar orientação sexual como parte do indivíduo, e não algo que o define completamente como um, disse Wilson. Há 25 anos o oficial Eric Fanning vem ocupando cargos importantes tanto no Pentágono, como no Congresso americano. Além disso, no fim da década passada ele fez parte da diretoria do Gay & Lesbian Victory Fund, instituição que tinha como objetivo aumentar o número de autoridades abertamente LGBTTI nas instâncias políticas dos Estados Unidos. Se confirmado pelo Senado americano, Fanning sucederá a John McHugh, um republicano de Nova Iorque que anunciou sua aposentadoria no início do ano.
Essa lei foi refutada em 2011 por Obama, dessa forma, gays e lésbicas assumidos passaram a servir exército, a marinha e a aeronáutica. Doug Wilson, assistente do secretariado de defesa para assuntos públicos (que também é homossexual assumido) elogiou Fanning: O fato dele ser abertamente gay e nomeado para essa posição mostra o nível com o qual americanos podem aceitar orientação sexual como parte do indivíduo, e não algo que o define completamente como um, disse Wilson. Há 25 anos o oficial Eric Fanning vem ocupando cargos importantes tanto no Pentágono, como no Congresso americano. Além disso, no fim da década passada ele fez parte da diretoria do Gay & Lesbian Victory Fund, instituição que tinha como objetivo aumentar o número de autoridades abertamente LGBTTI nas instâncias políticas dos Estados Unidos. Se confirmado pelo Senado americano, Fanning sucederá a John McHugh, um republicano de Nova Iorque que anunciou sua aposentadoria no início do ano.
Tal tomada de decisão por parte do presidente Obama representa um grande avanço no que diz respeito à promoção de equidade de gênero em uma instância que é historicamente masculinista: as Forças Armadas. Percebe-se que ainda existem muitos estigmas no que diz respeito à performance de certas atividades por indivíduos homossexuais nos mais diversos campos da sociedade. Além disso, vale ressaltar que essa ideia está fortemente enraizada no corpo societal e acaba quase que legitimando certos discursos e ações preconceituosas. Isso deriva do papel social que é atribuído aos indivíduos masculinos e femininos, às expectativas que são geradas sobre os mesmos e aos padrões que são produtos de tais expectativas. Dessa forma, existe a ideia de que um membro de alto cargo nas Forças Armadas deve ser homem e heterossexual, por exemplo. A nomeação de Fanning mostra-se, portanto, como um divisor de água e quebrador do paradigma de que indivíduos homossexuais podem SIM exercer cargos ligados às Forças Armadas/Segurança Nacional.
Analisando sob uma ótica de Estudos de Paz, percebe-se que a nomeação de Fanning por parte do presidente americano acabou suscitando uma visibilidade maior de atores que geralmente são invisibilizados pelas correntes mais tradicionais de Segurança: os homossexuais. Dessa forma, há ao menos a abertura para o debate sobre a própria existência e performance eficaz de sujeitos homossexuais nas Forças Armadas. Existem diversos estereótipos nessa instituição, quase que obrigando os seus membros a se adequarem a uma “caixinha adequada” para o serviço – um desses estereótipos diz respeito à sexualidade dos indivíduos. Isso acaba por invisibializar muitos indivíduos nas Forças Armadas, quase que como uma negação da existência dos mesmos. Partindo da análise por Estudos de Paz, nota-se que a nomeação de um homossexual para assumir a Secretaria de Exército poderá dar um grande salto no que diz respeito à análise crítica das causas estruturais de parte de conflitos naquela instância. Como dito aqui, existe uma caixa que quase que obriga os indivíduos a seguirem determinados comportamentos e preceitos. Dessa forma, há uma naturalização da ideia de que, por exemplo, homossexuais
Possam performar um serviço efetivo nas Forças Armadas por conta de sua sexualidade e/ou desconforto que os mesmos causariam entre os indivíduos heterossexuais. Há a necessidade de se problematizar a naturalização dessa ideia e buscar mecanismos que alterem essa realidade. É a partir disso que a nomeação de Fanning para assumir tal cargo representa um passo grande na desconstrução de paradigmas nas Forças Armadas.
Contudo, observa-se que existe um longo caminho até a total superação dos paradigmas ligados à gênero e performance de atividades. O desafio mostra-se ainda maior nas Forças Armadas, onde essas são, como foi observado, tradicionalmente masculinistas. Percebe-se a necessidade de que autoridades militares se comprometam com a política inclusiva firmada em 2011 pelo fim da Don’t Ask, Don’t Tell. Dessa forma, autoridades militares devem ser fixers: agentes comprometidos com a perspectiva de mudança e propagadores de ondas de ideias que seguem a mesma linha, uma vez que se percebe modelos hierárquicos como difusores verticais de ideias e ações: aqueles de mais baixa patente só se sentirão identificados com a perspectiva de mudança se seus superiores assim o estiverem.
A quebra desses paradigmas deve acontecer em todos os níveis sociais, tornando a promoção de uma sociedade equitativa uma realidade.
Para mais informações sobre a nomeação de Fanning, acesse a noticia no site da CNN.
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